Lições que aprendi ao contratar o Obama

A experiência aconteceu faz pouco mais de cinco anos, mas os aprendizados vão ficar para toda a minha trajetória profissional. Quando trouxemos o Obama para o primeiro evento empresarial com a presença dele no Brasil, o VTex Day, em 2019, todo o processo gerou ensinamentos proporcionalmente às dificuldades da missão. Afora todo o viés político, estamos falando de uma das figuras mais expressivas do nosso século em âmbito global.

Claro que só tivemos sucesso depois de alguns “nãos”, especialmente porque as negociações se deram no final do mandato dele.

Mas, como bons brasileiros, minha equipe e eu, junto com a Alessandra Hypolito, da VTex, não desistimos nunca, e o que era uma missão impossível, aconteceu. “Yes, we could!”

Como empresa organizadora do evento, ter que lidar com uma figura como o ex-presidente americano exigiu uma preparação muito além do que estávamos acostumados. Desde a negociação inicial até o dia do evento, cada etapa foi cercada por camadas e mais camadas de validação, segurança e protocolos rígidos. Tivemos que aprender a trabalhar com consultores internacionais especializados em eventos com ex-chefes de Estado, adaptar nosso cronograma diversas vezes e repensar toda a estrutura de segurança e logística do evento. A burocracia era imensa, mas ela vinha acompanhada de um senso de responsabilidade que fazia todo sentido. Afinal, não estávamos apenas trazendo um palestrante — estávamos recebendo alguém que ainda movimenta multidões e representa muito para milhões de pessoas ao redor do mundo.

No dia do evento, a tensão era imensa, assim como a emoção. A chegada dele foi coreografada como uma operação de Estado. Esquemas de segurança, horários milimetricamente cronometrados, salas de espera inspecionadas com antecedência, e uma equipe de apoio que parecia de cinema. Mas, quando Obama entrou nos bastidores e nos cumprimentou com um sorriso leve e um “hello, guys!”, ficou claro: por trás de todo aquele aparato, havia uma pessoa acessível, carismática e incrivelmente humana. Isso foi um choque de realidade. No fundo, ele é um cara como qualquer outro — com uma missão, com valores e com uma vontade genuína de inspirar. E isso ficou evidente em cada palavra dele no palco.

Um episódio marcante foi o gesto do Obama de chamar nosso fotógrafo parceiro, o André Veloso, que fez os registros de diversos convidados, para tirar sua foto com ele. Esse contraste entre a proteção extrema e a humanidade simples foi, talvez, o maior ensinamento que levamos. No mundo dos negócios e dos eventos, muitas vezes criamos barreiras, títulos e formalidades que nos afastam da essência do que realmente importa: conexão.

No palco, a mensagem que pareceu mais forte do presidente Obama foi de que ninguém consegue realizar grandes feitos sozinho. Nós devemos buscar apoio de pessoas para tudo na vida e estar cercados daqueles em quem podemos confiar. E no mundo dos negócios não poderia ser diferente.

Obama mostrou que é possível manter uma postura firme, profissional e inspiradora sem perder a empatia e a leveza. E o VTex Day daquele ano provou que, quando você sonha alto e trabalha com excelência, até o impossível pode se tornar real — e com direito a selfie no final