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Aplicação de multas da nova NR-1 é adiada: especialistas analisam impactos e oportunidades para a saúde mental nas empresas

Com início orientativo mantido para maio de 2025, a inclusão dos fatores de risco psicossociais no ambiente de trabalho abre espaço para uma transformação cultural nas organizações brasileiras, afirmam especialistas

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Luis González, CEO e cofundador da Vidalink / Foto: Divulgação

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) anunciou na última quinta-feira (24) o adiamento da aplicação de multas relacionadas à atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que passa a incluir, a partir de 26 de maio deste ano, os fatores de risco psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). A fiscalização com sanções terá início apenas em maio de 2026, sendo realizada em caráter educativo e orientativo durante o primeiro ano. Segundo especialistas, a mudança representa uma oportunidade concreta para que as empresas se adaptem de forma consciente, estruturada e comprometida com a saúde mental de seus colaboradores, mas também traz um alerta para que as lideranças não se acomodem com o adiamento das autuações.

Para Luis González, CEO e cofundador da Vidalink, maior empresa de bem-estar corporativo do Brasil, a atualização da NR-1 representa uma oportunidade para que as empresas se preparem com mais clareza, mas esse tempo não pode ser usado como pretexto para adiar decisões. “A necessidade por mudança e ações concretas em saúde mental é urgente, então esse processo deve começar agora. Foi assim com a LGPD: uma lei sancionada em 2018, mas que só entrou em vigor dois anos depois. Quem usou o tempo extra para se preparar saiu na frente. Com a NR-1, não vai ser diferente. Trata-se de uma mudança cultural, que exige revisão de práticas, letramento das lideranças e um olhar verdadeiro para o bem-estar das equipes”, afirma.

O executivo destaca a relevância da atualização da norma para a saúde mental no Brasil: “Pela primeira vez, riscos como sobrecarga de trabalho, assédio moral, metas inalcançáveis e ausência de canais efetivos de escuta passam a ser formalmente reconhecidos como fatores que afetam a saúde dos trabalhadores e precisam ser geridos com a mesma seriedade dos riscos físicos, químicos ou biológicos. Isso muda tudo: o cuidado com a saúde mental deixa de ser opcional e passa a ser uma responsabilidade legal das empresas”, diz.

Segundo Luis González, o período de um ano até o início da fiscalização efetiva é fundamental para que as empresas compreendam não apenas as exigências técnicas da norma, mas os impactos estratégicos de cultivar um ambiente psicologicamente seguro. “A maturidade das empresas varia muito. Algumas já vêm trabalhando esses temas há anos, mas muitas ainda não sabem por onde começar. O adiamento das sanções permite que elas busquem orientação qualificada e construam políticas de forma integrada, envolvendo compliance, RH e liderança. É um momento crucial para virar a chave e colocar a saúde mental no centro da gestão de pessoas”, completa.

Erica Siu, CEO da Caliandra Saúde Mental, reforça que o momento exige responsabilidade e planejamento por parte das lideranças: “O adiamento oferece uma oportunidade importante para que as empresas se preparem com mais solidez. Ao passo que o MTE publicará orientações relacionadas que contribuirão para uma implementação mais fluida e padronizada, ainda haverá tempo hábil para absorver e ajustar medidas ao longo deste primeiro ano. É fundamental aproveitar este incentivo, pois tem sido um movimento positivo com potencial de transformação dentro das organizações. Quem conseguir se antecipar não só se adequa à NR-1 mais rapidamente, como também ganha experiência prática e mais segurança na aplicação da norma”, afirma.

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A inclusão dos fatores psicossociais no GRO deverá ser feita com base em documentos como o Guia de Informações sobre Fatores de Riscos Psicossociais, lançado pelo MTE, e deve envolver ferramentas como Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP), Análise Ergonômica do Trabalho (AET), planos de ação com cronograma e medidas preventivas claras. A participação ativa dos trabalhadores também é um requisito essencial, em um processo contínuo de escuta e melhoria.

Além de prevenir afastamentos, processos trabalhistas e queda de produtividade, a implementação das exigências da NR-1 pode ser um catalisador para mudanças positivas na cultura organizacional. “Empresas que cuidam da saúde emocional reduzem turnover, presenteísmo e absenteísmo. Mas, mais do que isso, elas passam a atrair e reter talentos de forma consistente. Um ambiente psicologicamente seguro é também um diferencial competitivo”, conclui Luis González.

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